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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O feijãozinho e a caveira


Desde o dia em que plantamos o feijãozinho no algodão, com a “tia” da 1ª série (ou antes) entendemos, mesmo que intuitivamente, o poder que tem em uma semente. Nossos antepassados, e nem precisa ir até a pré-história, se deram conta desse potencial de alguma forma e mesmo que de início rusticamente, como o grão de feijão no algodão, deram um significado para isso: nascia a agri-cultura.


Bom, deixemos um pouco de lado as críticas à cultura simbólica e nos concentremos nas necessidades básicas: comer. Nossos antepassados, mesmo ignorantes da maravilha tecnológica atual tinham em mente que comida era pra comer, nessa ordem. O que me angustia é que esse “entendimento” mudou, o que era uma fonte de alimentos para si e para os seus, não importa quantas pessoas constituíssem esse segundo grupo, passou a ser um valor abstrato, simbólico de troca por... bem por alguma coisa, que nem sempre era de comer. O que importa, lá no fundo, é que a semente produzia comida e essa comida era comida e re-plantada por seres humanos e para esses.


Crescemos, nos multiplicamos e então o feijãozinho se tornou menos tocante, tínhamos agora outras coisas maravilhosas com que nos preocupar, basicamente transformamos o instinto de auto-preservação num egoísmo exacerbado e aí vieram várias noções interessantes: orgulho, arrogância, vaidade... é claro, tudo simbólico porque o bom e velho feijãozinho fazendo a metáfora da vida e da impermanência já não estava na moda. Ah é, o feijãozinho também faz comida!!!


Hoje (e me perdoem o brusco corte histórico) as sementes servem para muitas coisas, algumas em menor escala, como alimentar ao semelhante (lembra dele?). O que estou louco pra lhes contar é que: depois de muito estudar os nossos cientistas e políticos, só os bem pagos, resolveram que as sementes serão selecionadas, e distribuídas por algumas empresas (que é uma outra coisa da cultura simbólica) para alguns caras que podem plantar muito!!! Essas sementes serão utilizadas na bolsa de valores, que é uma das maiores maravilhas do mundo e serve pra fazer dinheiro!! O melhor de tudo é que a biotecnologia (esse é o nome da ciência que teve origem na observação do feijãozinho) decidiu que o feijão poderá ser plantado somente uma vez, ou seja, o feijão que você colheu, que antes servia pra comer e re-plantar agora só serve pra comer... ou melhor, ele passa pela bolsa de valores e o que sobrar vai ser dado pra algumas pessoas comerem, mas não sem antes passar por uma indústria que vai frita-lo, conserva-lo e embala-lo em plástico e alumínio. Por acaso essa indústria é do mesmo dono daquela que vende a semente.


Já ia me esquecendo quem quiser plantar novos feijões tem que comprar dos caras da tal empresa, que também vende os fertilizantes, os venenos necessários para matar os desprezíveis animais que atacam o pobre feijãozinho, que agora é venenoso!! Sabe se defender!!


No fim das contas avançamos muito não é? Graças a esses cientistas/legisladores, vivemos num mundo de ciência e leis, não é ótimo? Quem ia querer regredir tanto até onde as coisas não tinham valores abstratos (monetários, via de regra) e a comida servia para alimentar o clã?


Quem sabe só eu.