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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Confissões do Latinfúndio



Por onde passei,
plantei
a cerca farpada,
plantei a queimada.
Por onde passei,
plantei
a morte matada.
Por onde passei,
matei
a tribo calada,
a roça suada,
a terra esperada...
Por onde passei,
tendo tudo em lei,
eu plantei o nada

_
Pedro Casaldáliga_

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A MÚSICA URBANA


As desafinadas guinchadas de um violino, um carro tocando funk as 3:30 da manhã, os postos de gasolina cheios de pessoas procurando se divertir num imenso afã de tentar desesperadamente se enturmar, ser aceito, quem dera um dia amado.

Nas boates e nas raves, nas festas sertanejas, universitárias ou não.. alíás universidade e orgia já são entendidos como sinônimos.. em vários sentidos, até no sexual, mas continuando.. nos pagodes ou nas mais requintadas e badaladas baladas "in", nas peças feitas nos teatros acessíveis a certa classe de pessoas, com atores da globo e tudo mais.. sempre sempre o que toca é a velha música das cidades.. dos formigueiros desesperadores.

Bem disse o João que Roma era a grande prostituta.. as cidades são mais ou menos isso.. as prostitutas tem dignidade, tem uma história. O ponto não é discriminar a cidade-prostituta, mas perguntar quem são os cafetões.

A música urbana continua comendo solta e as crianças não sabem de onde vêm o seu pápá, provavelmente de uma gôndola do carrefour, ou qualquer outra empresa que monopoliza o direito e a necessidade mais básica, a nutrição.

Se os supermercados fechassem por dois meses, onde nós comeríamos? De quem vc depende pra comer? Responda e tente não ficar impressionado ao se deparar com a nossa massiva dependência dos nossos amigas.. as fantasmagóricas e intocáveis transnacionais que têm PIB maiores que países...

Mas é claro! isso é natural num meio onde o lucro é o único valor.. acima de tudo, acima da vida da beleza e do sorriso. O que nos resta pergunto?

O sorriso, a vontade e a humanidade.. penso que se não abrirmos mão disso podemos fazer frente a nossa própria preguiça secular acumulada.. que deixemos de ser bestas de carga e tenhamos a coragem de dizer duas palavras:
EU e NÃOOO!!

Assim falou Zaratustra!

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Em cima dos telhados as antenas de TV tocam música urbana,
Nas ruas os mendigos com esparadrapos podres
cantam música urbana,
Motocicletas querendo atenção às três da manhã -
É só música urbana.

Os PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbana
E nas escolas as crianças aprendem a repertir a música urbana.
Nos bares os viciados sempre tentam conseguir a música urbana.

O vento forte, seco e sujo em cantos de concreto
Parece música urbana.
E a matilha de crianças sujas no meio da rua -
Música urbana.
E nos pontos de ônibus estão todos ali: música urbana.

Os uniformes
Os cartazes
Os cinemas
E os lares
Nas favelas
Coberturas
Quase todos os lugares.

E mais uma criança nasceu.
Não há mais mentiras nem verdades aqui
Só há música urbana.
Yeah, Música urbana.
Oh Ohoo, Música urbana.

Música Urbana 2
Legião Urbana

O terror das mentes vazias


Nos corredores da universidade converso com um professor sobre algumas coisas, entre elas as questões de ciência, progresso e a natureza do ser humano.. dessas que já tivemos oportunidade de ver várias, ou mesmo, entediados, às vezes participar.

O que menos importa é o assunto ou o "posicionamento" ideológico nessas questões ( e nessa altura os marxeiros se irritam) buraco está bem mais embaixo e é, agora sim, o reflexo de um indivíduo/sociedade movidos à vaidades. Todos querem dizer algo sem terem, a rigor, nada a dizer. Todos queremos parecer algo ,pois ser dá um trabalhão...
Explorando sentimentos poderemos chegar a algum lugar além? Talvez, mas o problema é que ainda não tivemos a coragem suficiente para explorar estes sentimentos, para explorarmo-nos.


Você liga a TV e vê programas moralistas condenando os jovens bêbados tirando rachas nas ruas, mas não vê ninguém sequer cogitar o porquê desses caras se doparem e se suicidarem, mesmo quando pensam que não é isso que estão fazendo.. criamos um mundo vazio por preguiça de pensar..
Pensar na nossa condição de seres pensantes.. pensar na nossa condição de seres sentimentais (diferente de sentimentalóides) e coletivos.
Voltando ao corredor da nossa universidade, quer da escola pública o mesmo deserto.. citações vazias, teorias estapafurdias que negam a experiência e o indivíduo.. escritas por europeus do século passado que todos idolatram sem nem sombra de crítica...
O que é pior? Escutar funk? Não ler merda nenhuma? Ou ser um neo-pentencostal do materialismo dialético (com muita fé no fantástico)?

Linhas de pesquisa fundamentadas em preconceitos seculares, xenofobia, racismo, religiosismo.. um conceito distorcido de "sucesso" de "sociedade" de "coletivo".. ainda estamos imitando... somos seres heteronomos por abstenção de nossa autonomia.