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domingo, 20 de maio de 2012

PROPRIEDADE INTELECTUAL: Falácia do século?



     Historicamente o Homem observou a Natureza em busca de resolver seus problemas. Comer, vestir, construir, sobreviver, planejar-se para o inverno. Humanidade se sofisticou, necessidades também. A busca por longevidade, supremacia cultural, meios de empregar o trabalho mais eficientemente, de forma menos penosa...


A sistematização dos saberes, a ciência como a conhecemos não fugiu à regra. Sempre construindo com base nas fundamentações anteriores, certas ou erradas, não importou para a criatividade, para a superação de um entendimento. Um mais adequado suplantou um menos adequado e assim tem sido.
Necessariamente uma ideia nova, revolucionária não surge do “nada”1.


Todas as ideias têm um contexto criativo absolutamente dependente de outros seres humanos, de novas formas de ver as mesmas coisas e de conhecimentos previamente acumulados. Com isso gera-se ideias novas de como se fazer ou entender as coisas no Mundo. Isso é a criatividade!


As coisas começam a ficar interessantes quando alguém (talvez um economista) diz que você pode uniformizar o valor das coisas e um dos desdobramentos disso foi outorgar direitos de propriedade sobre ideias. Parece justo que a inventividade, criatividade, o gênio de alguém seja recompensado de alguma forma não parece? O interessante é que, principalmente nos dias de hoje, são outras pessoas ou empresas que se apoderam das ideias de indivíduos (músicas, patentes, teorias, livros já publicados, artigos) e se beneficiam com a “propriedade” delas. Irônico ter-se a propriedade de algo que não lhe é próprio.. ...mas esse é o jogo não é?! A pergunta é: até quando vamos jogar?


Einstein, Sabin, Santos Dumont fizeram coisas de inominável benefício para a humanidade. Já nos interessamos alguma vez em saber o que eles achavam da “propriedade” intelectual? Acho que deveríamos saber.


O próprio Einstein disse que Newton foi o ser humano que provavelmente tenha feito o maior esforço intelectual singular da História2, mas será que ele foi “dono” de suas ideias? E se fosse? Será que elas seriam difundidas tal como foram?


É justo que algum Juiz - esses cavalheiros, ou damas, ilibados, com poderes quase divinos a serviço da justiça – diga o que é de quem ? Eles têm historicamente decidido a favor do bem comum ou do bem econômico? É justo que digam que a obra de Freud pertence a editora X e seus acionistas, cujos parcos patrimônios intelectuais estão focados nos “teóricos” da Wall Street em detrimento do entendimento do que é o inconsciente ou psique?


Realmente, não consigo pensar em algo mais patético do que o conceito de propriedade intelectual. Aplica-se isso a tudo!!! Pega-se um cupuaçu, modifica-se por “biotecnologia” (patenteada é claro) e põe outro nome e uma patente associada em um país onde neva por 4-5 meses/ano.


A perversão que representa a propriedade intelectual é quase tão chocante quanto a bestialização e da imprensa escrita e TV, seu uso político e a disseminação de ideias desumanas. Agora mesmo tem uma fulana discutindo o seu papel moral de vilã da novela e o famigerado comunicador arguindo profundamente o senso moral do telespectador.


No meio desse colóquio uma propaganda de bens patenteados (celulares) criados com a ajuda não remunerada de Eisntein quando em seu ano do milagre3 teve ideias originais, relegadas ao bem comum.



1 Também conhecido como vácuo absoluto, no zero absoluto (0º K), fora do tempo e do espaço, ou seja, uma quimera!
2  Autobiografia: Como vejo o mundo..
3  1905, lança 4 artigos que fundaram três domínios da física: a física quântica, a teoria dos processos estocásticos e a teoria da relatividade.